Sem qualquer necessidade o Brasil literalmente meteu-se numa autêntica "camisa de sete varas", como diria minha mãe se viva fosse e cá estivesse. Essa de permitir que o presidente golpista de Honduras entrasse na embaixada brasileira e dali transformasse tudo em palco dessa comédia que ele tenta armar desde quando foi defenestrado do poder após ver derrotadas suas pretensões, no Congresso e no Supremo Tribunal, de mudar a lei para tentar reeleição. Ao se rebelar contra a dupla decisão e instigar seus partidários a ir para as ruas e forçar o que ele queria, Zelaya insurgiu-se contra a Constituição de seu país que ele, ao tomar posse, jurou respeitar e cumprir (pelo menos é o que suponho).
Zelaya aliou-se logo a outros que, como ele, chegaram ao poder de maneira constitucional e conseguiram, sabe-se lá por quais motivos, ou sabe-se mesmo como, mudar as leis de seus países e ganharem o direito a serem candidatos outra vez, ainda que tripudiando sobre todos os preceitos que a democracia prescreve.
Pior que esses presidentes constitucionais (sempre é bom lembrar que Adolf Hitler chegou ao poder pelo voto universal, ainda que a História conte como foi) falam sempre que são democratas, mas à maneira do livro de Cuba, com alguns assessores tendo feito seus cursos em países como a Albânia e a ex-URSS.
Alegar que Zelaya chegou à embaixada brasileira sem que ninguém em Brasília soubesse é a mesma coisa que continuar negando que houve um acordo Brasil-Cuba para que a Polícia brasileira prendesse aqueles dois boxeadores cubanos durante o Pan no Rio de Janeiro. Só acredita nessas duas versões quem também crê em papai-noel.
O discurso brasileiro é típico da era-Lula: negar sempre, alegar que não sabia de nada (lembram do mensalão?), cobrar respeito ao "território brasileira" representado pela embaixada em Tegucicalpa, mas, ao mesmo tempo, permitir que Zelaya, de dentro, incite a população a rebelar-se contra a ordem estabelecida e dar ao candidato a ditador um palanque com vistas à disputa presidencial que se aproxima ali, é mostrar, novamente, que a diplomacia brasileira brinca da mesma maneira que o Ministério da Justiça no caso daquele terrorista italiano que no Brasil ganhou o status de "refugiado político", o que abre precedente para Bin-Laden também desembarcar neste país tropical.
Ora, quando o governo brasileiro diz "temer" a invasão de sua embaixada, esquece que o governo brasileiro já permitiu que Zelaya et cateva a invadissem e transformassem o local em palco de campanha eleitoral.
Metido numa "camisa de sete varas", o governo brasileiro busca uma saída, mas, como sóe ser comum aos atuais donos do poder, não admite que o erro começou em Brasília que, agora, busca transferir a responsabilidade para quem apenas obedeceu à Constituição.
O que chama a atenção também é o fato de diplomatas de carreira continuarem calados, nenhum deles se posicionar com a autoridade de quem conhece do assunto e permitir que o país a cada dia mais se afunde perante as pessoas de bom-senso.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
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