segunda-feira, 16 de setembro de 2019



ODACIR – POR QUE “MITO”?



ODACIR – POR QUE “MITO”? - Gente de Opinião

Com o falecimento do advogado e ex-senador Odacir Soares Rodrigues ficou muito menor o universo dos que atuaram na política rondoniense no período do Território, especialmente os que a seguir tiveram influência durante o período inicial do Estado.
Conheci o Odacir quando cheguei aqui, apresentado ao então presidente regional da ARENA em seu escritório que funcionava nos altos de um prédio na Presidente Prudente bem próximo ao restaurante Almanara, onde ele disse que era jornalista e advogado.
Isso aí era 1975 e aos poucos eu fui conhecendo pessoas que falavam sobre o Odacir, e muitas reclamavam de ter sido ele, como prefeito, quem madara derrubar as árvores na Sete de Setembro, o que teria levado ao fim dos “cliperes”, pequenos bares que funcionavam naquela via.
Prefeito duas vezes de Porto Velho, Odacir sempre falava ter sido em sua gestão (a primeira, em 1971) que o município adquirira uma usina de beneficiamento de asfalto, até pouco tempo instalada numa área na esquina das avenidas Tiradentes com Rio Madeir
Outra obra surgida, já em sua segunda gestão, em 1975, foi a criação da Fundacentro, substituída depois pela UNIR, e sempre ele falava disso.
Duas boas ações, mas até ser louvado, como andei vendo em alguns sites, na condição de “mito”, isso é um pouco demais.
Naquele ano de 1975 Odacir também deixava de ser o prefeito de Porto Velho, município que então ia da Ponta do Abunã até Vilhena, na divisa de Rondônia com Mato Grosso. Quem me narrou como foi sua exoneração – o prefeito era nomeado – foi quem o exonerou, numa entrevista concedida a mim e aos jornalistas Montezuma Cruz e José Carlos Sá, em Brasília, foi o então governador Humberto da Silva Guedes.
Guedes narrou que quando foi comunicado que seria governador de Rondônia, a única ordem recebida foi exonerar o prefeito de Porto Velho. E logo na tarde do primeiro dia de expediente, no Palácio Presidente Vargas, Odacir foi anunciado. Quando entrou no gabinete Guedes comunicou-o da exoneração.
Na mesma entrevista o governador, que criou as condições para que o Território fosse substituído pelo Estado, reconheceu que em seu início de governo teve problemas com segmentos importantes em Porto Velho, e, apesar de não falar, deixou quase às claras que uma das razões teria sido o fato de Odacir ser casado com uma jovem, filha de uma família tradicional da capital.
A partir de sua exoneração Odacir sempre foi citado como adversário político de Guedes, apesar do então governador sempre ter-se colocado à distância de questões político-partidárias. Mas isso mudaria três anos depois, em 1978.
Naquele ano, pela única vez desde 1946 quando o Território pode eleger uma representação política, ao invés de um deputado federal seriam eleitos dois. Odacir era presidente da ARENA e, sem dúvida, uma grande figura do então restrito mundo político local.
Os dois partidos, a governista ARENA e a oposição consentida MDB, poderiam lançar quatro candidatos. Odacir selecionou ele e mais três nomes, completando a lista com um obscuro advogado e funcionário do Banco do Brasil em Guajará-Mirim Isaac Newton. O governador, apesar de pressionado pelos adversários arenistas de Odacir, não se pronunciava, até que faltando três semanas para a votação, e supostamente por pressões de Brasília onde, dizia-se, Odacir já era tratado como “deputado”, Humberto Guedes anuncia que vai apoiar Isaac que, além de desconhecido fora de Guajará, também tinha problemas de gagueira. E foi para a luta.
Fim da contagem de votos: Jerônimo Santana, que também “armou” para se eleger sozinho pelo MDB em 1º lugar e Isaac Newton em 2º. Odacir teve de se contentar com uma suplência. E aqui entra uma diferença daquilo que andou sendo noticiado em sites diversos: (Odacir) “Assumiu o mandato de Deputado Federal pelo Território de Rondônia em 1980, com o afastamento do Deputado Isaac Newton”. Afastamento é bem diferente do que aconteceu. Ele assumiu porque o titular Isaac Newton licenciou-se, retornando um ano e pouco mais tarde.
Em 1982 Odacir sai candidato ao Senado pelo PDS e ganha seu primeiro mandato de oito anos; em 1990 o segundo. Na primeira vez com o forte apoio, ainda que meio a contragosto, do governador Jorge Teixeira. Na 2ª vez com apoio do candidato a governador Osvaldo Piana.
Em 1983 ele agiu para derrotar a tentativa de reeleição do seu colega de partido e presidente regional do PDS, o senador Claudionor Roriz que postulava o cargo, numa disputa em que o candidato do grupo dissidente, Dezival Reis, foi eleito por um voto e poucos duvidavam então que se o governador Jorge Teixeira tivesse ido à convenção o resultado teria sido a reeleição de Claudionor.
Em 1986 o Estado realizou sua primeira eleição a governador, e Odacir se lançou ao cargo, mas perdeu.
Com Odacir tive apenas um atrito. Numa manhã fui chamado ao gabinete do diretor do Alto Madeira, Euro Tourinho, onde Odacir estava, reclamando de matéria feita pelo jornalista Paulinho Correia. Alegava que algumas colocações do texto ele falara mas não eram para serem publicadas, admitindo, no entanto, que haviam sido feitas por ele. Tivemos uma rápida discussão onde eu lembrei a ele, que sempre dizia ter atuado em grandes veículos de comunicação, haver uma máxima fundamental numa entrevista. Se o entrevistado não quiser ver publicado, não fale. Se fala é que quer ver divulgado.

POST SCRIPTUM

Durante vários anos, e por várias vezes pessoalmente, e duas outras com a companhia do jornalista Montezuma Cruz, tentei entrevistar Odacir em seu escritório na Rádio FM-93. Ainda que ele próprio mandasse alguém ligar para ir lá, sempre alegava que mandaria vir de seu escritório em Brasília pastas de documentos que, dizia, seriam importantes para o material que estávamos querendo fazer. E todas as vezes adiava para outra ocasião.
Desde a última vez, creio que em 2018, comecei a pensar que Odacir, como fazem muitos políticos, preferiu evitar uma entrevista onde, tinha a certeza, não seriam tratados só assuntos que ele queria falar mas que sabia estarem na pauta do entrevistador.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

O DIA 11 DE SETEMBRO NA HISTÓRIA


11 de Setembro. BOM DIA! RONDÔNIA: 1961 – Ênio dos Santos Pinheiro toma posse como governador do Território Federal do Guaporé. COMEMORA-SE: Sancionada a Lei 8.078/90, que criou o Código de Defesa do Consumidor (CDC), em 1990. Dia Nacional do Cerrado. FATOS:    1792 — O diamante Hope, de 45.52 quilates,  é roubado. Trata-se de uma pedra preciosa azul, famosa pela sua história atribulada e pela suposta maldição que carrega. 1836 — Proclamada a República Rio-Grandense pelos rebeldes após derrotarem as tropas do Império do Brasil na Batalha do Seival, durante a Guerra dos Farrapos. 1973 — Um golpe militar no Chile liderado pelo general Augusto Pinochet derruba o presidente democraticamente eleito Salvador Allende. 1996 – Morre o  ex-presidente Ernesto Geisel, em cujo governo, de 1974 a 1979, iniciou o processo de abertura política pós-1964. 2001 —  Nos EUA Suicidas árabes sequestram e derrubam quatro aviões de passageiros,  dois deles atingem as “torres gêmeas” em Nova York. Morrem quase 3 mil pessoas.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019


CHEIROU A “ENTREVISTA CHAPA BRANCA”...
Lúcio Albuquerque, repórter
jlucioalbuquerque@gmail.com

            Esta semana estava eu esperando o início de uma reunião, sintonizei na CBN local e começou uma entrevista do ministro Gilmar Mendes, STF, feito no estúdio, suspeito que em Brasília, e como tenho interesse no que dizem essas autoridades, ainda que eu tenha restrições a tais, fiquei escutando. Como a reunião demorou acabei indo até ao fim.
            Esperei até ao final que um (pelo menos um...) dos três entrevistadores fizesse alguma pergunta sobre o que consta no noticiário sobre o ministro, ou sobre dificuldades que ele e seus pares têm em circular em público, mas fiquei só na vontade de ouvir, apesar de uma recente pesquisa do Datafolha ter anunciado que a confiança do brasileiro no STF estaria em 64%. Bom, quanto à credibilidade no Datafolha nunca é demais lembrar o resultado da eleição de 2018.
            Mas, durante todos aqueles minutos, nenhuma pergunta que pudesse levar o ministro a não ter a resposta de imediato. Fiquei assim frustrado. Não que eu esteja dizendo que o ministro tenha culpa em algum cartório ou, melhor dizendo, como o dito popular, “que tenha culpa no cartório”, um dito que, claro, nada tem a ver com qualquer cartório, nem tampouco atribui a quem quer que seja culpabilidade.
            Não me incomodei com as respostas do ministro, afinal, pelo que entendi ele limitou-se a responder àquilo que os três entrevistadores perguntaram, então ele agiu certo.
            Agora, o que causou incomodação a este velho repórter foi justamente o conjunto das perguntas. Lembrei uma vez que fomos convidados a uma coletiva e lá um conhecido jornalista local tomou conta das perguntas, alegando ter outra pauta, dando ideia a quem tenha um pouco de experiência que eram todas, ou em maioria, encomendadas, como se o próprio entrevistado tivesse recebido antes a lista, selecionado as que queria responder e devolvido a lista ao jornalista.
            Até que um de nós decidiu cortar. “Está bom, agora deixa a gente começar a entrevista”. O corte pegou de surpresa o jornalista  e o entrevistado. E foi nesse momento que começamos, eu e os outros, a perguntar, "esquentado", e muito a oitiva.
            Voltando à entrevista do ministro Gilmar Mendes, quando deram por encerrada a pauta ficou um sentimento de que era a típica “entrevista chapa branca”, na qual o que menos parecia interessar era aquilo que não estava no script, transformando aquele tempo em rede nacional em algo que tenha deixado frustrado muita gente.
            PESQUISA
            Segundo o site uol, citando como fonte pesquisa do Datafolha, a confiança do povo no STF está em 64%, sendo 18% os que “confiam muito” e 46% os que “confiam um pouco”. Não diz quantos “não confiam” (a notícia não citava os que “não sabem” ou que “não responderam”). Bom, se agregados esses últimos ao "um pouco",  então já seriam 82%, o que isso certamente não iria tirar o sono de qualquer ministro, mas é bom sempre desconfiar de pesquisas feitas pelos grandes (seria melhor usar o termo “mais badalados”) institutos. Especialmente depois das eleições de 2018.
            A ELEIÇÃO DE 2018 E A IMPRENSA
            É o tema da Roda de Conversa que o Sindicato de Jornalistas pretende realizar dia 10 de outubro. Será a primeira da série do projeto “Roda de Conversa”, que o Sinjor vai realizar uma vez a cada mês. Depois do dia 15 serão abertas inscrições no Sinjor. O tema interessa a jornalistas, estudantes e professores de comunicação além de outras áreas.
            HISTÓRIAS DO LÚCIO
            (Da série “Histórias dos meus netos para eles contarem a meus bisnetos”)
O BATIZADO DO YAN
Yan Lucas é nosso neto primogênito. Dentro da tradição católica, o Yan foi batizado alguns meses depois de nascer, em 2002. O batizado teve como padrinhos uma das minhas filhas e o marido de uma das irmãs do pai dele, na igreja de São Tiago Maior, depois Basílica de Nossa Senhora Aparecida, na Zona Leste.
O ato religioso foi presidido pelo padre Enzo, um italiano cujo trabalho representou muito para a melhora da condição social daquela região.
No entanto, um fato acabou gerando uma situação difícil. Padre Enzo fez a imersão do Yan numa espécie de tanque próximo ao altar-mor e a demora foi muito maior do que as de outras crianças.
De repente nossa filha Janaína saiu do banco e foi correndo praticamente retirar, das mãos do sacerdote o nosso neto, que estava até com dificuldade para chorar. Felizmente, sendo profissional de Enfermagem, ela soube agir e, temos certeza, de que mais um pouco poderia ter consequências a demora na imersão.
Inté outro dia, se deus quiser!